segunda-feira, 19 de outubro de 2009

UM POVO DE CRIATIVIDADE



O Brasil passava por uma turbulenta transformação de regimes políticos. Em 13 de maio de 1888 a princesa Isabel assina as Lei Áurea, que liberta os humanos negros de sua vida de castigos muito sofríveis e em cativeiro. Em 15 de novembro de 1889 aconteceu a proclamação da República Federativa do Brasil.

O Distrito de Dores do Patusca, parecia esquecido pelos governantes. As notícias demoravam a chegar por aqui. Quando se sabia de algum acontecimento, era através de viajantes que por aqui passavam. Dores do Patusca vivenciou esses momentos com sua criatividade, honestidade e trabalho, mesmo sem saber direito dos fatos e acontecimentos pelo Brasil.

Com toda essas turbulências, nosso distrito vivenciou sua vida com os seus próprios problemas, que os resolviam na base do bom humor. Tudo servia de pretexto para organizar festas com músicas e fogos de artifícios. Sem meios de transportes, as curtas distâncias percorriam a pé e a cavalo ou carro de boi, as longas distâncias.

Uma prova do espírito criativo, a primeira iluminação foi à base de carbureto, aplicado de início na igreja e depois em algumas casas comerciais.

Semana Santa, passeatas e em todas manifestações noturnas, a iluminação foi feita com lanterninhas de papel crepom em frente a cada residência, que surtiam um efeito muito bonito e raro. Uma bela novidade em toda região.

ALFABETIZAÇÃO E MELHORAMENTOS DO DISTRITO DO PATUSCA


As primeira alfabetização foram feitas por pessoas no âmbito residencial. Quem possuia algum grau de instrução, procurava ajudar aqueles que almejavam o interesse pelo conhecimento.



Em 1880 foi criada a primeira escola pública no Distrito de Dores do Patusca. Cujo sistema de ensino, destinava-se para pessoas do sexo masculino,  cujos professores foram: Belarmino Antônio Cardoso, Carlos Vale, Aureliano Marques e Martiniano Tito Muniz.

Posteriormente,  em 1890, foi criada outra escola para o sexo feminino, cuja professora foi: Honorina Josefina Muniz.

Randolfo Teixeira de Carvalho, filho de Vicente Teixeira de Carvalho, nasceu na fazenda do Macau, zona rural do Distrito de Dores do Patusca .

Com esforços, obteve para o Distrito de Dores do Patusca:
  •  Criação da Agência do Correio; 
  •  Duas escolas, uma para as pessoas do sexo masculino e outra para as do sexo feminino;
  •  Água potável e canalizada, até às torneiras em vários pontos do Distrito de Dores do Patusca;
  • A criação do Grupo Escolar, que tem seu nome.
Em 1899 houve a inauguração da primeira água potável no Distrito de Dores do Patusca. Foi construída uma rede de água potável e colocadas torneiras em vários pontos do distrito. Assim, facilitando para a população , abastecia-se das águas  dos córregos.

Com a construção do prédio com destinação escolar e ao entrar em funcionamento, as pessoas  começaram a apresentar evolução.

Prédio do Grupo Escolar Randolfo Teixeira
                          
Algumas pessoas começaram a se destacar e passaram apresentar melhor desenvolvimento financeiro. A arquitetura, que antes eram de pau a pique, construíram casas residenciais e comerciais de taipa ou tijolos , melhorando a arquitetura e de melhor nível.



Naqueles tempos as famílias eram numerosa, em média de oito a dez pessoas. Portanto, precisavam de residência maior.


Outras pessoas que por aqui chegaram e gostando do lugar, se fixaram e construíram  residências e casas comerciais. Aos poucos o Distrito de Dores do Patusca foi apresentando melhorias acentuada.

                                                            Loja do Cortez


Alguns que possuíam melhores condições financeiras passaram a enviar seus filhos para estudarem em outros municípios, de melhores recursos e que possuíam um sistema de ensino mais elevado.

Em São João Del Rei havia um sistema de ensino, regido por padres ou freiras e que adotavam um regime de internato, de regras rígidas  eram submetidos a um ensinamento diariamente intensos e com um curto período para descanso, que eram aproveitados para visitação às casas dos pais. Mas, valeu a pena o sacrifício. Formaram-se pessoas qualificadas, para ensinamentos em escola de Dores. Outros foram continuar estudos, em lugares preparo em cursos, como: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Juiz de Fora e outros.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

SOCIEDADE



O povo dorense sempre foram dados à boa convivência. Gente religiosa e de bons sentimentos,  mantinham entre as famílias estreitas relações de amizades. Eram frequentes as festas familiares, que se fazia a qualquer pretexto. Aniversários ou a chegada de alguém que estivesse ausente por muito tempo era motivo obrigatório para visitas. As reuniões familiares, tão animadas, foram as preliminares da vida social intensa e a solidificação das amizades entre as famílias.



Havia fartura de gêneros alimentícios, mas o dinheiro em espécie era muito difícil. Contudo, tocavam para frente as atividades sociais. O ajuntamento de famílias para um bate papo, ouvir música e realizações de festas eram constantes nos fins de semana. 




As atividades festivas eram diversas e a realização de bailes, carnaval e Semana Santa, amenizavam um pouco dos problemas pelos quais passavam. 


Naqueles tempos havia cordialidade, cavalheirismo. A boa convivência entre as famílias havia o interesse  à prática da boa vizinhança e o bom relacionamento de amizade. Uma sociedade feita de pessoas simples e trabalhadora. Mas, que não deixava de lado os nossos costumes e por isso, ganhamos o apelido de Patusqueiro ( no dicionário da língua portuguesa quer dizer; festa, festeiro).







No esporte, havia o interesse pelo futebol. Depois do expediente no trabalho, que era de segunda, das 06:00 horas às 17:00 horas e aos sábados até às 14:00 horas,  já com os apetrechos do esporte, iam direto para os treino. Além do futebol, havia também, a prática da corrida de bicicletas (alugadas) porque nem todos as possuiam, em um percurso de 6Km (de Dores à Estação da Ferrovia Oeste Mineiro, território de Prados). Chegou a ter até luta de boxe, sob a sombra da Figueira, no centro.





Dorense Clube



Dorense Clube



Sete de Setembro Esporte Clube

Outras formas de atividades e de laser. A natação era feita nas cachoeiras da periferia.Caçadas(felizmente foi proibida nos anos 60), pescarias, sinucas, serenatas, passeios turísticos, desfiles de Miss,
com o objetivo de sempre manter o espírito alegre.

Natação
                           
Caçadas
                       
Pescaria no rio Araguaia, Goiás(atual Tocantins)



Sinuca
                                             
Passeios Turísticos
                         
                  
Passeio Turístico

                             
                        
Passeio ao Rio de Janeiro

                                      
Grupo de Seresteiros
                                          
Miss Dorense


 Bienal de Dores de Campos


















OS MASCATES

Logo que o Distrito de Dores do Patusca aumentou a produção nas indústrias e a formação de estoque,  tiveram a ideia de enviar seus produtos para fora, afim de vender e trazer renda para o lugar. Assim, surgem os Mascates ou Tropeiros no Distrito de Dores do Patusca. 



Os primeiros passos foram organizar tropas e comitivas. O Mascate, ou o chefe da comitiva, se preparava na organização com algumas semanas antes da partida. Pelo sistema de consignação, adquiriam as mercadorias para venda diretamente às fazendas. Eram diversas as mercadorias (montarias, arreios para carroça, cangalhas, acessórios, botinas e etc.). A tropa, constituída de dez a doze animais (O burro de guia, que em seu caminhar, fazia tinir diversos sincerros pregados em seu peitoral, puxando os outros). Cada burro com dois grandes balaios feitos de bambu ou taquara e o último levava os apetrechos da cozinha.  





A organização da alimentação, também, preparada com antecedência pela família.  Preparava-se um porco inteiro e em meio à banha, pedaços de carne já temperados, uma forma de conservação e facilitar a preparação do almoço e jantar. Também, o pó de café, torrado e moído pelas família, já misturado o açucara mascavo faziam o café de um jeito diferente. Não levavam coador, devido a incerteza de onde iriam parar para o descanso (descansavam onde fosse mais prudente ou de acordo com a exaustão, algumas vezes até mesmo ao relento). Quando a água do café fervia, batia de leve com a parte côncava da colher (parte de baixo) e o pó, como no processo de decantação, ia para o fundo da vasilha.
Quando iniciavam a jornada, não tinham ideia da distância ou o tempo de duração. Por vezes, passavam meses e meses, até mais de um ano para a viagem  de volta. Durante o trajeto, era um trabalho árduo e muito cansativo. Manter os animais enfileirados e que muitas vezes imprevisíveis de comportamentos, (Desde o início, Lugarejo do Patusca, Dores de Campos vive e revive a atividade do Tropeirismo. Se alguém reclama de vida difícil, não conhece a vida de um tropeiro. A utilização do burro, nas comitivas das viagens, é porque é um animal mais resistente a todo tipo de terreno e distâncias, mas, cada animal é imprevisível e tem sua própria personalidade. Domesticar qualquer animal leva tempo e muito trabalho e, mesmo assim, continua de acordo com a personalidade do animal. Assim, como algumas pessoas, existe o burro que é dedicado ao trabalho e outros não e quando resolve empacar é um trabalho danado para fazê-lo movimentar, ele se senta e parece estar de birra, para não sair do lugar, mesmo levando chicotadas),   o descarregar e recarregar de mercadorias nos grandes balaios diante dos fregueses, era uma tarefa muito cansativa.
Aproveitavam o dia claro, para não perder tempo e diante de tanta peleja era necessário uma alimentação bastante calórica, porque não tinham ideia da hora que poderiam fazer outra refeição. Logo antes do amanhecer, o cozinheiro levantava mais cedo e já preparava o café, logo em seguida o almoço, acompanhado com o feijão tropeiro. Já abastecidos, rumavam logo para retomar a viagem e só ao entardecer é que fariam uma outra refeição.




Os Mascates levavam mercadorias e traziam outras, porque nem sempre conseguiam o dinheiro e faziam alguma troca de mercadoria, tais como  novidades (produtos têxteis, perfumes e etc.). Também, notícias do Brasil e Estados. Na volta e já nas proximidades do Distrito de Dores do Patusca, sempre havia alguém para avisar as famílias. As famílias e amigos, já organizavam festas para recebê-los. A alegria era total e recebidos até com músicas.   

Depois do descanso da viagem percorriam as indústrias e comércio, para fazerem os acertos de contas das mercadorias e produtos que a família comprava, para suprir as necessidades domésticas durante a ausência do tropeiro. Feito os acertos, já era passado os novos pedidos de mercadoria, que mais uns dois ou três meses sairiam para uma nova viagem. Enquanto isso, aproveitavam o tempo e usar as tropas para a busca de lenhas para as famílias, que aproveitavam para fazerem um bom estoque e ganharem algum dinheiro. A lenha era o combustível necessário para a cozinha. Os familiares já iam também se preparando  para a próxima viagem. 

Em um cômodo, denominado de "dispensa", iam repondo o estoque da alimentação doméstica e fazendo a reserva para a viagem. O toucinho, já temperado era pendurado numa espécie de varal em cima do fogão de lenha. Local adequado por causa da caloria e a fumaça que impedia a aproximação das moscas e formigas. 
Também, era costumeira a reunião da família e até amigos na cozinha. Principalmente em noites frias, que aproveitavam o calorzinho do fogão de lenha, para uma boa refeição e colocar as conversas em dia até à hora de se deitarem. Além do bate papo acontecia algumas rodinhas de violas, que eram momentos de boa diversão e descontração até o sono chegar
Um dos últimos a exercer essa atividade, foi o Sr. José Praxedes Coimbra (Ieié), filho de Duquinha. 

Senhor José Praxedes Coimbra, à direita e montado a cavalo

O Sr. José Praxedes, casado com Dona Marly Assunção Praxedes, tiveram dois filhos: Maria de Fátima Praxedes e José Vicente Praxedes, que é autor de um livro "A saga dos Tropeiros da Terra da Figueira Encantada"

José Vicente Praxedes disse em seu livro uma grande verdade a esses heróis; "Honra, Palavra, Educação e Trabalho, construíram o mundo do Tropeiro".

Uma justa homenagem aos Tropeiros, aconteceu na primeira FAIDEC (Feira de Artesanato e Indústria de Dores de Campos), em 1983. Onde faziam-se a comida típica dos tropeiros.


Estes representantes dos Tropeiros(da direita para esquerda), conhecidos como:

    Geraldo Pestanhudo, Siley, Badalada, Laudir, Chiquinho e Tibarro. 

Dores de Campos não possui em sua área territorial nenhuma extração mineral e sempre viveu da economia voltada para os trabalhos do couro. A população, cerca de 70%, sempre teve como rendimento proveniente do emprego nas empresas de manufatura do couro. Curtumes, Selarias, trabalhos no âmbito doméstico. Enfim, a economia familiar é gerada pelos trabalhos artesanal do couro. 

O título Mascates, ou Tropeiros acabou e ficando somente na história. Não se usa mais tropas para escoamento da produção, dando lugar aos Representantes das empresas e que também já está acabando. As construções de lojas, onde são expostas a produção está se tornando em grande número e dando uma nova forma de comercialização das Selas e acessórios, onde acontece a venda direta para o visitante e até através da internet, que já é habitual a venda dos produtos para o Brasil e exterior. 


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(*) A história dos Tropeiros sempre poderá haver alguma atualização. Aguardo autorização, para postagens de fotos e vídeos. 



quinta-feira, 1 de outubro de 2009

CONSTRUÇÃO DA IGREJA MATRIZ NOSSA SENHORA DAS DORES

Em 1877, concluída a Capela-Mor toda feita de taipa, a padroeira já havia sido escolhida. Quando ainda se falava na construção da igreja, por unanimidade, a população escolheu Nossa Senhora das Dores, cuja imagem foi doada pelo senhor Manoel Gonçalves Assis, distinto pradense, que realizou o donativo em 1879.


Nossa Senhora das Dores a nossa Padroeira

Em 1° de outubro de 1879, para construção do corpo da igreja, viajou em excursão a Corporação Musical Nossa Senhora das Dores, a fim de arrecadar recursos,  levando os instrumentos e vasto repertório de escolhidas composições. Retornaram no dia 30 de outubro do mesmo ano, com uma quantia de 1.600$ (um conto e seiscentos mil réis). Pôde então ser construído o corpo da igreja, em caráter provisório.

Em 1897, o Sr. Antônio Justino da Silva, filho de José Justino da Silva, que na época era o procurador da Igreja, resolveu fazer uma obra nova e definitiva com um melhor acabamento. Então. demoliu-se a construção defeituosa e seguiu à preparação do terreno. Tal serviço era de terraplanagem,  ou seja, retiravam-se a terra para desfazer uma elevação na lateral esquerda do terreno. Esse transporte de terra foi realizado pelos próprios moradores, centenas de pessoas - homens, mulheres e crianças - do próprio Distrito do Patusca, que retiravam as terras em caixotes, bacias, cestas, latas, carrinho de mão, tudo num vaivém ininterrupto e num ambiente de alegria.

Toda aquela gente estava irmanada pelo sentimento religioso e ideia de progresso. Na época, o lugar, já possuidor de elevado movimento industrial, atravessava uma acentuada crise financeira, reflexo de uma crise que pairava, na época, por todo país. Porém esse sentimento era tão grande que os donos de um teatro haviam concordado em demolir um importante edifício - de destinação indiscutível e alcances culturais, que beneficiava uma sociedade em plena formação - para que pudessem aproveitar o material. na construção da igreja. Não foi levada em conta a dificuldade financeira existente, mas ela era o "slogan" verdadeiro: a igreja vale mais que o teatro. Afinal, veio o lado bom, em 1901, a obra do corpo da igreja, foi concluída.
 

O Curato de Nossa Senhora das Dores foi criado em 1910, pelo Vigário Geral Monsenhor Alípio Odier de Oliveira. O padre Francisco Goulard de Souza foi o primeiro sacerdote que dirigiu o curato.



Em 1912, a construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, No modelo da matriz , porém com dimensões menores. Tornou-se tradicional,  na Paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, relembrar nas Semanas Santas. De Domingo a Domingo são realizadas procissões da Igreja Matriz para a Igreja do Rosário, e vice versa.



As datas da Semana Santa são variadas de ano para ano. São feitos cálculos, para que a Lua Cheia apareça na semana, se possível, na Sexta Feira da Paixão, a contar do carnaval, na quarta feira de cinzas.



A última etapa da construção da Igreja Matriz foi a torre, erigida em 1925, com 25 metros de altura. As portas em formato de arcos, uma para  entrada da frente e duas nas laterais da base da torre. No segundo pavimento, uma janela de ventilação e visual pelo coro. No terceiro pavimento onde ficam os sinos, dois pequenos nas laterais e um grande na parte da frente. Acima do terceiro pavimento, em formato de pirâmide,  na ponta, foi colocado uma esfera. Terminada a torre ficou faltando a cruz. Um Senhor, chamado por Chico Silva, natural do povoado e carpinteiro, apresentou-se como voluntário para fazer o serviço. Amarrando diversas escadas, até conseguir chegar a tal esfera. Em uma escalação difícil e perigosa, tornou-se um autêntico malabarista. Quando afinal colocou-se a cruz. Foi um momento emocionante em que todos se abraçaram e deram vivas ao herói.

 
Esta foto ilustra a tradicional Semana Santa e a conclusão da Torre da Igreja Matriz ( pela cor da pintura da torre e do resto da Igreja, percebe-se que é recente, na década de 1925). 



ATIVIDADES DO DISTRITO DE DORES DO PATUSCA


A indústria de montaria prosperou e gerou muitos empregos, até mesmo para mulheres, as quais podiam realizar o trabalho em casa. O Sr. Ildefonso Augusto da Silva, nascido em 1879, filho de Juvêncio Antônio da Silva e de Dona Senhorinha Maria de Jesus, descendente uma família tradicional, fundou o respeitável estabelecimento comercial e industrial, o qual chamava “Casa Mineira”, onde eram produzidas diversas mercadorias manufaturadas, tais como: selas, silhões, estribos, barrigueiras e outros acessórios.



Oficina N.S.das Dores, de Joaquim Bernardido da Silva, 1906 Foto autorizada por Cássio Dos Santos Júnior (de Araxá,MG)

 

 


 
Por outro lado, fazendas e sítios de produção agropecuária espalhavam-se pela zona rural do distrito. E também, numerosas famílias, que lá habitavam, realizavam trabalhos em seus próprios domicílios para suprir as necessidades das indústrias, como por exemplo, rédeas, barrigueiras, cílhas; confeccionados ou de fios de algodão, ou de cabelo animal.

Com a produção em expansão e a variedade de acessórios para montaria,  surgiu a oportunidade  para expandir o mercado e vender o produto em outras regiões; desenvolveu-se também uma outra atividade, “o mascate”. Os mascates começaram então a organizar tropas de burros, que carregavam as mercadorias em grandes balaios, feitos de bambu, que com ajuda de companheiros (tropeiros), levavam a produção para serem vendidas em arraiais, fazendas, cidades e até em outros Estados.


Os mascates viajavam por meses, acampando em terrenos de fazendas, ou até mesmo dormindo ao relento. Levavam mercadorias para a venda e trocavam-nas ou por dinheiro, ou por outras mercadorias não produzidas no distrito (escambo), tais como tecelagem, confecções de roupas para a família, ou até mesmo matérias-primas para a indústria de montaria. Uma das especialidades de montaria era o silhão, que era um tipo de montaria segura e confortável, destinado às mulheres, que utilizavam montando de lado. Esse tipo de montaria continuou sendo confeccionado por longos ano.

SILHÃO

Dando continuidade à fabricação, nos anos 30 e 40, o Sr. Lindolfo Rodrigues de Melo (meu avô) e o Sr. Levy Rodrigues de Melo (meu pai), foram grandes fabricantes de silhão, selas e outras montarias. Com a evolução dos negócios, implementada pelos mascates, veio a necessidade de agilizar e melhorar o escoamento das mercadorias fabricadas, tanto como a chegada de produtos e matéria-prima demandados.


José Maria Arruda (Diosso), um dos donos de curtume, que fornecia a matéria prima para a fabricação das montarias e acessórios, havia cerca de cinco curtumes para fornecimento de matérias primas ( Sancler, Baiano, Sr. Deca e O Sr. Cardoso).

OBS: Fico devendo o nome de alguns dos proprietários de curtumes, que aos poucos vou conseguindo, como hoje, consegui o nome do Sr. José Maria Arruda. Talvez até encontre pessoas que possa informar os nomes. Ainda conseguirei mais detalhes que possa tornar essa matéria mais informativa. 

O DISTRITO DE DORES DO PATUSCA

Pelo decreto nº 14 de 15 de Abril de 1890, sendo governador do Estado de Minas Gerais o Dr. João Pinheiro da Silva que expediu o referido decreto, desmembrou o Vilarejo do Patusca do Município de Tiradentes, integrando-o ao Município de Prados e nomeando-o Distrito de Dores do Patusca.




O Sr. Manuel Justino da Silva, um dos filhos de Bernardo Francisco da Silva, doou a seu filho José Justino da Silva uma vasta extensão de terras, que casou-se com Domitilde Teixeira da Silva. O Sr. José Justino da Silva, de comum acordo com sua esposa, cedeu áreas, gratuitamente, a pessoas que trabalhavam em suas terras. Assim, possibilitou a construção de novas ruas e casas.


Após o seu falecimento, em 1899, sua esposa Domitilde Teixeira da Silva fez doações de uma grande área de terreno à paróquia, que vendeu ou aforou os lotes, possibilitando a construção de casas, pelas pessoas carentes e sem recursos financeiros que podiam construir suas casas e usufruir enquanto estivessem  residindo nelas, mas não podiam emprestar, alugar ou vender.

DO VILAREJO DO PATUSCA, DISTRITO DO PATUSCA E DORES DE CAMPOS

"Antes de se chamar Minas Gerais, o estado teve outros nomes como: Campos de Cataguá na época das entradas e bandeiras, Capitanias de Minas Gerais, Província de Minas Gerais e outros. O desbravamento da região teve início no século XVI, por bandeirantes paulistas que buscavam ouro e pedras preciosas no território da Capitania do Espírito Santo. Em 1693, as primeiras descobertas importantes de ouro na serra de Sabarabuçu, nos ribeirões do Carmo e do Tripuí provocaram um grande afluxo migratório à região. Em 1696 foi fundado o arraial de Nossa Senhora do Ribeirão do Carmo, o qual, em 1711, se tornou a primeira vila de Minas Gerais, núcleo original do atual município de Mariana".

"Na primeira metade do século XVIII, Minas Gerais tornou-se o centro econômico da colônia, com rápido povoamento. Em 1709, foi criada a Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, desmembrada da Capitania do Espírito Santo. Em 1720, a Capitania de Minas Gerais foi separada da Capitania de São Paulo, tendo como capital Vila Rica (atual Ouro Preto)".

(Parágrafos acima extraído da Wikipedia).

Os desbravadores Bandeirantes, em busca de pedras preciosas, passaram pela Estrada Real (Trilha do Ouro), que ligava a antiga Vila Rica, hoje Ouro Preto, ao Porto de Paraty (RJ), e que veio posteriormente se expandir até o Arraial do Tejuco, (atual Diamantina). Entre esse extenso caminho, destaca-se a região conhecida como "Região dos Emboabas", território que pertencia a Tiradentes. E, com a constante busca de riquezas, os bandeirantes, em meados do século XVIII,  chegaram às terras onde fica o Ribeirão do Patusca.
 
O Ribeirão do Patusca desagua no Rio das Mortes (que possui este nome, por causa de um grande conflito em suas margens, Guerra dos Emboabas, na qual houve um alto índice de mortalidade, descendo em suas águas um grande mancha de sangue) - Patusca: no dicionário da língua portuguesa, quer dizer festas - A denominação Ribeirão do Patusca surgiu porque um Sr. português muito festeiro, proprietário de uma pousada, nas margens do ribeirão, promovia festas para os viajantes que passavam  por lá, os quais apelidaram-no de patusqueiro.


Em princípios do século XIX, o Sr. Bernardo Francisco da Silva adquiriu uma grande extensão de terras, a cerca de 4Km da pousada do patusqueiro, visando a exploração da agropecuária, e veio a ser o fundador do povoado do Patusca. Mais tarde, seus filhos, com suas respectivas famílias, construíram casas de pau-a-pique ou taipa, formando assim o embrião da cidade de Dores de Campos.

Os filhos do Sr. Bernardo Francisco, introduziram  trabalhos variado no lugar em formação. Destas famílias, e com o aparecimento de pessoas que por aqui chegaram  que permaneceram por aqui , constituíram família à procura de sobrevivência, dando início a um pequeno aumento da população e também do número de residências e que logo surgiu o pequeno  Vilarejo do Patusca. 

A região do Povoado do Patusca pertencia ao Município de Tiradentes. Com a construção da capela de Nossa Senhora das Dores, foi criado o "Distrito de Dores do Patusca".  

Primeira foto de Dores do Patusca


O território de Dores do Patusca é ondulado e com colinas, onde se vêem excelentes terrenos para cultura e boas pastagens. O Povoado foi se desenvolvendo em meio às colinas e para sobrevivência, a princípio, os moradores exerciam atividades horticultoras e pecuárias. À medida que a população foi aumentando, sentiram a necessidade de outras atividades. Apesar de haver fartura alimentar, o dinheiro em espécie era muito difícil naqueles tempos, havia, portanto, necessidade de angariar recursos e fazer melhoramentos para o distrito. 


Surgiram, então, a idéia de fabricação de artigos de couro, tais como: arreios, acessórios e utilitários para hortigranjeiros e pecuaristas. Entre os anos de 1835 e 1840, as novas atividades foram crescendo, assim como o lugar. Com pouco tempo, surgiram os primeiros curtumes, que com o tempo foram se aperfeiçoando. Curtiam-se as peles do gado bovino, caprino e suíno, assumindo aos poucos, proporções de verdadeiras indústrias.